Neste final de semana nós
fomos bombardeados por notícias a respeito da Prova do Magistério do Rio Grande
do Sul. Prova esta que reprovou 92% dos candidatos inscritos. Os principais
motivos de queixas dos candidatos devem-se ao alto nível da prova e a presença
de questões de múltiplas áreas. Pergunto-me então: como podemos melhorar a
educação de nosso país se os professores não estão preparados para ensinar?
Muitos defenderão que cada professor deve apenas saber a
sua área. Céus, nós estudantes durante todo o período escolar somos metralhados
e testados, sobre diversas matérias e áreas. Todo professor um dia já foi
aluno, e já teve de lidar com múltiplas áreas que, convenhamos, na maioria das
vezes andam lado a lado, completando-se.
Os métodos mudaram, o Exame
Nacional do Ensino Médio é a prova disso, o aluno não pode apenas saber a
teoria fracionada em disciplinas, ele precisa saber aplicá-la no seu dia-a-dia,
relacioná-la. Estranho os professores não perceberem que a prova do magistério
tenderia também a esse novo padrão.
Fui surpreendida ao ler no jornal Zero - Hora Dominical a
entrevista da jovem Maura Bombardelli, de 24 anos, que obteve o primeiro lugar
no concurso do magistério. Ela disse que não podia se considerar feliz com a
aprovação, pois sabia que a mesma a levaria a um salário de apenas R$: 750,00
por mês. Sim, ela vai assumir a vaga, mas assim que obtiver aprovação em um
concurso com maior salário, abandonará o magistério para assumir o novo cargo.
Não acho justo o salário dos professores, assim como não
acho justo o salário da maioria dos trabalhadores, e fico ainda mais injuriada
quando leio no caderno de empregos sobre os altos salários para cargos jurídicos.
Mas se formos falar sobre justiça na nossa sociedade ficaríamos anos escrevendo
sobre o tema.
Sempre me questiono sobre um ponto no que diz respeito
aos professores: quando decidiram seguir esta profissão, já sabiam do baixo
reconhecimento financeiro que ela traria, então porque decidiram cursá-la? Será
que quando mais jovens ainda acreditavam no amor a profissão e depois foram
corrompidos pela sociedade capitalista em que estão inseridos?Sejamos sinceros,
talvez ao se formar tiveram que sair das casas de seus pais e aprenderam os
altos custos de se manter um lar, ou talvez seus sonhos tenham se tornado apenas
menos românticos.
O que assusta é que mesmo sabendo do baixo reconhecimento
financeiro, cursaram uma universidade, formaram-se e não estão aptos a
preencherem tantas vagas que acabaram sobrando no concurso do magistério.
Confúcio, pensador e filósofo chinês, que viveu há 500
A.C, já havia dito: “Se não sabes, aprendes; se já sabes, ensina. Mas é claro,
não podemos comparar nosso sistema de ensino ao rígido sistema chinês, não é
mesmo caro leitor. Então nada mais justo que utilizarmos uma citação bem
brasileira de João Guimarães Rosa: “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem
de repente aprende”.
Queridos professores, não tentem justificar que uma prova
não pode ser tão difícil porque a aprovação na respectiva acarretará baixo
salário, vocês estarão assim, menosprezando sua própria profissão.
Desqualificar-se, não é a melhor forma de protesto. Estudem, qualifiquem-se,
valorizem sua profissão e formem assim cidadãos conscientes da importância de
um professor, discentes felizes com a educação que receberam. Formem da melhor
forma possível seus alunos, que serão o futuro poder decisivo de nossa nação,
para que assim possam receber finalmente o reconhecimento financeiro que merecem.
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