segunda-feira, 11 de junho de 2012

Contratam-se docentes decentes


            Neste final de semana nós fomos bombardeados por notícias a respeito da Prova do Magistério do Rio Grande do Sul. Prova esta que reprovou 92% dos candidatos inscritos. Os principais motivos de queixas dos candidatos devem-se ao alto nível da prova e a presença de questões de múltiplas áreas. Pergunto-me então: como podemos melhorar a educação de nosso país se os professores não estão preparados para ensinar?

           Muitos defenderão que cada professor deve apenas saber a sua área. Céus, nós estudantes durante todo o período escolar somos metralhados e testados, sobre diversas matérias e áreas. Todo professor um dia já foi aluno, e já teve de lidar com múltiplas áreas que, convenhamos, na maioria das vezes andam lado a lado, completando-se.

            Os métodos mudaram, o Exame Nacional do Ensino Médio é a prova disso, o aluno não pode apenas saber a teoria fracionada em disciplinas, ele precisa saber aplicá-la no seu dia-a-dia, relacioná-la. Estranho os professores não perceberem que a prova do magistério tenderia também a esse novo padrão.

            Fui surpreendida ao ler no jornal Zero - Hora Dominical a entrevista da jovem Maura Bombardelli, de 24 anos, que obteve o primeiro lugar no concurso do magistério. Ela disse que não podia se considerar feliz com a aprovação, pois sabia que a mesma a levaria a um salário de apenas R$: 750,00 por mês. Sim, ela vai assumir a vaga, mas assim que obtiver aprovação em um concurso com maior salário, abandonará o magistério para assumir o novo cargo.


            Não acho justo o salário dos professores, assim como não acho justo o salário da maioria dos trabalhadores, e fico ainda mais injuriada quando leio no caderno de empregos sobre os altos salários para cargos jurídicos. Mas se formos falar sobre justiça na nossa sociedade ficaríamos anos escrevendo sobre o tema.

            Sempre me questiono sobre um ponto no que diz respeito aos professores: quando decidiram seguir esta profissão, já sabiam do baixo reconhecimento financeiro que ela traria, então porque decidiram cursá-la? Será que quando mais jovens ainda acreditavam no amor a profissão e depois foram corrompidos pela sociedade capitalista em que estão inseridos?Sejamos sinceros, talvez ao se formar tiveram que sair das casas de seus pais e aprenderam os altos custos de se manter um lar, ou talvez seus sonhos tenham se tornado apenas menos românticos.

            O que assusta é que mesmo sabendo do baixo reconhecimento financeiro, cursaram uma universidade, formaram-se e não estão aptos a preencherem tantas vagas que acabaram sobrando no concurso do magistério.

            Confúcio, pensador e filósofo chinês, que viveu há 500 A.C, já havia dito: “Se não sabes, aprendes; se já sabes, ensina. Mas é claro, não podemos comparar nosso sistema de ensino ao rígido sistema chinês, não é mesmo caro leitor. Então nada mais justo que utilizarmos uma citação bem brasileira de João Guimarães Rosa: “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”.

            Queridos professores, não tentem justificar que uma prova não pode ser tão difícil porque a aprovação na respectiva acarretará baixo salário, vocês estarão assim, menosprezando sua própria profissão. Desqualificar-se, não é a melhor forma de protesto. Estudem, qualifiquem-se, valorizem sua profissão e formem assim cidadãos conscientes da importância de um professor, discentes felizes com a educação que receberam. Formem da melhor forma possível seus alunos, que serão o futuro poder decisivo de nossa nação, para que assim possam receber finalmente o reconhecimento financeiro que merecem.


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