segunda-feira, 11 de junho de 2012

Mulheres do mundo, uni-vos!


 No último domingo, ocorreu em Porto Alegre, a já famosa “Marcha das Vadias”. Um movimento cultural que luta de uma forma divertida e irônica para que as mulheres não sejam reprimidas em sua sexualidade. Vestidas como “vadias” elas protestam, para que a mulher possa vestir-se como bem entender sem ser molestada ou discriminada nas ruas. A marcha surgiu no Canadá, quando após uma onda de estupros, um policial deu a seguinte declaração: “se as mulheres não se vestissem que nem vadias elas não seriam estupradas”.
 Mas até que ponto essa percepção é apenas dos homens? Quando se quer ofender uma mulher em sua dignidade, chama-se de vadia e esse xingamento vem – absurdo! – de uma semelhante. Essa parece ser a maior injúria a se dizer de alguém e, não importa o contexto, até mesmo de brincadeira, é ofensivo. O desrespeito, muitas vezes, parte de uma mulher para outra.
Somos criadas para usar roupas decentes, cabelo impecável, para falarmos baixo, rirmos pouco e com discrição, andarmos de modo não provocativo, sentarmos de pernas fechadas, falarmos com pudor, Deus nos livre de palavrões, quem iria querer uma mulher assim? sermos difíceis, deixar a conquista para o homem – o grande caçador – transarmos somente com o namorado (e olhe lá, só depois de muito tempo, para não sermos descartadas) e, principalmente, cuidar o nosso modo de agir como ser humano, para que representemos muito bem o nosso papel de sexo frágil, que a nossa mãe e, antes dela a nossa avó, representaram com louvor.
Como exemplo, trago o filme “Mulheres Perfeitas” (EUA, 2004), em que mostra uma comunidade no interior dos Estados Unidos tentando recriar o glamour da década de 1950. As mulheres são excelentes donas-de-casa, impecáveis, submissas e dedicadas a seus maridos. No final do filme vem a surpresa, quem arquitetou todo o projeto foi uma mulher, para lutar contra o feminismo, para que os valores familiares fossem preservados. Que valores, afinal, são esses, que são mais preciosos do que a liberdade de poder ser o que se é, sem pudores, sem ressalvas. Mais preciosos do que a integridade física e moral, do que o caráter, do que a vida de uma mulher?
Simone de Beauvoir soube exemplificar bem melhor em palavras, do que em ações o verdadeiro sentimento do ser mulher: “Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância”. Até quando viveremos sufocadas sob um regime machista sacramentado e perpetuado por nós mesmas?

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