Desde fins de 2009, estamos
presenciando catástrofes de grande intensidade, que surgem, inevitavelmente, da
má planejada infraestrutura em que foi construído grande número de moradias em
todo país. Desconsiderando o tipo e inclinação do solo, centenas de famílias
foram se instalando nas beiradas dos morros. Por falta de condições e
conhecimento da parte do povo humilde, que procura um lugar para morar e por
falta de prevenção do governo somos pegos de “surpresa”, não uma, mas várias
vezes pela atuação previsível da natureza, que manda de praxe suas chuvas
intensas no verão.
Em Santa Catarina mais de 60
cidades e 1,5 milhões de pessoas foram afetadas pelas chuvas torrenciais e suas
consequências desestabilizadoras: 135 pessoas morreram, 9.390 habitantes foram forçados a sair de
suas casas para que não houvesse mais vítimas e 5.617 desabrigados. Várias cidades na região ficaram sem
acesso devido às enchentes, escombros e deslizamentos de terra.
No Rio de Janeiro, sem ter em quem colocar a culpa o prefeito considerou
inoportuno debater se o governo também é culpado pelos efeitos das chuvas. Alguns
outros tentam jogar a culpa para os equipamentos que não previram a chuva. O
que é irônico e fácil de perceber que mesmo se tivessem previsto não faria a
diferença, pois a cidade não estava preparada.
No Rio Grande do Sul, a
cidade de Montenegro vem sendo seguidamente atingida por grandes enchentes,
devido a elas centenas de pessoas
humildes ficam desabrigadas e vêem os poucos bens que possuem levando um fim,
sem poder fazer nada para impedir o estrago. A urbanização desenfreada, a falta de espaços verdes e o lixo nas ruas, são
as principais causas dos alagamentos no município.
Vemos,
se não pela janela de casa, pela televisão as consequências do descaso e da
despreocupação do governo com o bem mais precioso que foi dado a cada um de
nós: a vida. É lamentável como as forças políticas esperam as tragédias
acontecerem, a meleca desandar, para aí sim limpar a sujeira. Que insensatez!
Se eu pudesse dizer uma, e
somente uma coisa a respeito, diria ao governo: Mexam-se!Centenas de vidas,
pelas quais vocês têm o dever de zelar, estão se sufocando no barro, na
inundação da irresponsabilidade de um governo que só possui olhos quando o
sangue já está jorrando. A correnteza vai levando corpos inocentes, misturados
ao barro e ao lixo...O povo se escandaliza com as mortes, com a falta de
recursos básicos da população atingida e se une em demonstração de
solidariedade: juntando roupas, alimentos e fé.
Está na hora de trabalharmos
juntos na prevenção: governo e população, para que de fato, outras destruições
de vidas e famílias inteiras sejam evitadas. Planejamento é a palavra simples
que será a cura para a cegueira que persiste em atacar quem tem o dever de agir
pela proteção de seus cidadãos.
Inegável que enquanto isso somos martirizados pela fragilidade de nossas
cidades e pelo devotamento desprovido de técnica que a população recorre em
momentos onde a solidariedade aflora em qualquer ser que possua um pouco de
humanidade.
Beate Helena Kranz
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