terça-feira, 3 de julho de 2012

As chuvas e suas correntezas de sangue


Desde fins de 2009, estamos presenciando catástrofes de grande intensidade, que surgem, inevitavelmente, da má planejada infraestrutura em que foi construído grande número de moradias em todo país. Desconsiderando o tipo e inclinação do solo, centenas de famílias foram se instalando nas beiradas dos morros. Por falta de condições e conhecimento da parte do povo humilde, que procura um lugar para morar e por falta de prevenção do governo somos pegos de “surpresa”, não uma, mas várias vezes pela atuação previsível da natureza, que manda de praxe suas chuvas intensas no verão.
Em Santa Catarina mais de 60 cidades e 1,5 milhões de pessoas foram afetadas pelas chuvas torrenciais e suas consequências desestabilizadoras: 135 pessoas morreram, 9.390 habitantes foram forçados a sair de suas casas para que não houvesse mais vítimas e 5.617 desabrigados. Várias cidades na região ficaram sem acesso devido às enchentes, escombros e deslizamentos de terra.
No Rio de Janeiro, sem ter em quem colocar a culpa o prefeito considerou inoportuno debater se o governo também é culpado pelos efeitos das chuvas. Alguns outros tentam jogar a culpa para os equipamentos que não previram a chuva. O que é irônico e fácil de perceber que mesmo se tivessem previsto não faria a diferença, pois a cidade não estava preparada.
No Rio Grande do Sul, a cidade de Montenegro vem sendo seguidamente atingida por grandes enchentes, devido a elas  centenas de pessoas humildes ficam desabrigadas e vêem os poucos bens que possuem levando um fim, sem poder fazer nada para impedir o estrago. A urbanização desenfreada, a falta de espaços verdes e o lixo nas ruas, são as principais causas dos alagamentos no município.
                Vemos, se não pela janela de casa, pela televisão as consequências do descaso e da despreocupação do governo com o bem mais precioso que foi dado a cada um de nós: a vida. É lamentável como as forças políticas esperam as tragédias acontecerem, a meleca desandar, para aí sim limpar a sujeira. Que insensatez!
Se eu pudesse dizer uma, e somente uma coisa a respeito, diria ao governo: Mexam-se!Centenas de vidas, pelas quais vocês têm o dever de zelar, estão se sufocando no barro, na inundação da irresponsabilidade de um governo que só possui olhos quando o sangue já está jorrando. A correnteza vai levando corpos inocentes, misturados ao barro e ao lixo...O povo se escandaliza com as mortes, com a falta de recursos básicos da população atingida e se une em demonstração de solidariedade: juntando roupas, alimentos e fé.
Está na hora de trabalharmos juntos na prevenção: governo e população, para que de fato, outras destruições de vidas e famílias inteiras sejam evitadas. Planejamento é a palavra simples que será a cura para a cegueira que persiste em atacar quem tem o dever de agir pela proteção de seus cidadãos.
Inegável  que enquanto isso  somos martirizados pela fragilidade de nossas cidades e pelo devotamento desprovido de técnica que a população recorre em momentos onde a solidariedade aflora em qualquer ser que possua um pouco de humanidade.
Beate Helena Kranz

Nenhum comentário:

Postar um comentário