quinta-feira, 28 de junho de 2012

Cidadão Kane, uma análise do filme e seus efeitos, por Thiago Schimitt



O filme Cidadão Kane, que tem Orson Welles por diretor, co-roteirista, produtor e ator, produzido em 1941 pela RKO Radio Pictures, é considerado um marco do cinema moderno. Inovando tanto no assunto abordado como nas técnicas de produção, é precursor de técnicas até hoje usadas, como a narrativa não linear(flashback), ângulos de câmera (uso de plongée e contra-plongée), e a exploração do campo (campo e contra-campo).

Inspirado na vida do magnata da comunicação Willian Randolph Hearst, o filme narra a busca de um jornalista investigativo pelo significado da palavra ”Rosebud”, que fora a última palavra proferida em vida por Charlie Foster Kane, um garoto interiorano que, após sua mãe herdar uma mina fabulosamente valiosa, ainda pequeno foi levado para um grande centro urbano a fim de receber uma educação mais apurada, sob a tutela de um grupo de empresários. Ao alcançar a maioridade e tomar posse de sua fortuna, decidiu tornar-se diretor de um jornal, buscando fazê-lo uma potência, independentemente dos meios que seriam necessários para tanto. Ao longo do filme, o repórter investigativo vai entrevistando as pessoas mais íntimas de Kane, e essas passam diferentes imagens do personagem. Contudo, ao espectador, fica uma imagem de que Kane, o multimilionário que manipula o povo em favor de seus interesses, nunca consegue alcançar seus objetivos principais. Isso se evidencia desde sua infância, quando ele não pode ficar com seus pais, brincando e fazendo o que gosta, tem seu ápice quando perde as eleições presidenciais, e culmina com a sua incapacidade de passar para o público seu último anseio, a palavra “Rosebud”.

O filme não atingiu o sucesso imediato, pois foi de encontro aos interesses de Hearst, que se viu retratado no filme e, preocupando-se com sua imagem, protagonizou uma ferrenha campanha contra o filme. O resultado foi que, mesmo com toda sua inovação e qualidade, "Cidadão Kane" quase não vendeu, fruto de problemas com Hearst. Ele teve nove indicações para o Oscar, mas venceu apenas um, o de melhor roteiro original. A coragem de realizar esta obra prima acabou resultando no fechamento de muitas portas no futuro, levando Welles a beirara do ostracismo no fim de sua vida.

As técnicas usadas por Kane foram inovadoras e permanecem até hoje, todavia, o leitor desta crítica não deve ter em mente um filme hollywoodiano nos moldes atuais sem “tirar nem por”, pois embora inovadoras, frente ao aperfeiçoamento das imagens o filme de Welles pode ser considerado obsoleto. Em contrapartida, o assunto tratado permanece vigente até hoje, pois juntamente com a produção de Charlie Chaplin, “Tempos Modernos”, o filme “Cidadão Kane” deu início a chamada Indústria Cultural. Termo que representa a cultura de massa, ou seja, a popularização das manifestações culturais já existentes, porém, com uma moldagem apropriada para o público consumidor submetido às ordens de uma minoria majoritária.

A abordagem de Welles até hoje permanece em voga, tanto nos filmes como na literatura, exemplos disso são o filme “O Quarto Poder”, de Costa Gravas, em que um jornalista se aproveita de um momento de fraqueza emocional de um civil para torná-lo um furo de reportagem, ou no livro "As Mentiras na Propaganda e na Publicidade" discute a mentira, seja ela boa ou má, ofensiva ou defensiva. De fato, “Cidadão Kane” é uma das maiores obras cinematográficas de todos os tempos, tão antiga, porém, tão presente em nossa realidade.

Cara presidente Dilma Rouseff,

            Em recente Pesquisa de Satisfação Social com os Órgãos Públicos, realizada pelo IBOPE evidenciou-se o que já era de domínio público: a população brasileira se mostra cada vez mais descontente com os serviços públicos prestados à comunidade. Visto que é encargo de sua excelência gerir nosso país, escrevo esta carta com o intuito de demonstrar, com base na pesquisa anteriormente citada e na opinião geral da população, as incoerências do serviço público e, de igual forma, formalizar uma análise dos pontos fortes a serem explorados do mesmo.
            O ponto nevrálgico é a estabilidade que o funcionário público dispõe. Isto gera uma dualidade de opiniões, pois o aspecto mais criticado pela sociedade é o alto índice de ócio no funcionalismo público, que acontece exatamente devido à estabilidade que o cargo proporciona. Em contrapartida, há o forte argumento de que é essencial proporcionar a estabilidade para garantir a independência do servidor de órgãos de fiscalização e de investigação, por exemplo.
Em diversos órgãos governamentais o que se percebe são processos incrivelmente burocráticos, que obrigam até mesmo os funcionários que querem trabalhar a se submeterem ao ritmo das etapas mais lentas do processo. Isto acontece, por exemplo, no Banco Central. Conforme relato de um funcionário, todo o trabalho de uma seção tem de ser supervisionado e revisado por um único chefe, que, no caso deste senhor, era extremamente omisso e despreocupado, gerando um atraso na realização de novos trabalhos.
Contudo, neste mesmo país, no qual os Partidos Políticos e o Congresso Nacional possuem índices de satisfação de 28 e 35 pontos respectivamente, ainda há órgãos públicos atingindo altos níveis de reconhecimento, vide o exemplo da Polícia e das Forças Armadas, que atingem a pontuação de 55 e 72, respectivamente. Vai a pergunta:  Se comprovadamente os representantes do povo, que detém o poder no país, são de uma índole tão infame, como um delegado poderia realizar, sem a estabilidade proporcionada ao funcionalismo público, uma investigação à família de um destes senhores?   
A sociedade brasileira espera do serviço público, principalmente, resultados. Logo, minha sugestão como cidadão brasileiro é que se mantenha a estabilidade do servidor público e que se implante, a exemplo da iniciativa privada e de órgãos eficientes como a Receita Federal (maior fonte de renda para o governo no Balanço de Serviços), um método de trabalho por metas atingidas ou superadas, podendo haver bonificações por metas superadas. Como já dizia Frederick Taylor, o interesse do patrão e do funcionário são os mesmos: uma melhor remuneração. No caso brasileiro o interesse seria triplo, do governo, que alcançará maior eficiência e menores gastos, do bom funcionário que passará a ganhar mais e da sociedade que poderá visualizar melhores resultados e terá à disposição um serviço mais qualificado.


Por Thiago Schimitt
Nós e os símios – Por Fernando V. P. Dias



Ontem eu conversava com um colega quando ele me contou sobre uma pesquisa interessantíssima realizada por especialistas de algum lugar do mundo. A história era mais ou menos assim:
“Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa sala de testes. Bem ao centro havia uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, um jato de água fria era acionado em cima dos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e o enchiam de porrada. Dentro de algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo já não subia mais a escada. Um segundo macaco veterano foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra ao novato. Um terceiro foi trocado e a mesma coisa. Um quarto, e afinal o último dos veteranos, foi substituído.”
Os cientistas, então, ficaram com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas. A impressão era que a situação nunca se alteraria.
Isso me fez pensar um pouco sobre a natureza de nossas ações e sobre como as escolhemos. É muito fácil tomar a rotina como a única opção a ser feita. Por que não nos questionamos mais sobre coisas preestabelecidas? Neste ponto é importante pedir que você não pense que estou, sorrateira e maquiavelicamente, incentivando as pessoas a botarem uma camisa de nosso honroso Che e saírem por aí se prostrando contra o sistema e vestindo a camisa dos rebeldes sem causa. Sei que estou generalizando de forma levemente preconceituosa quando associo “Che” a “rebeldes em causa”, mas a ironia é intencional, sim.
É mais uma questão cotidiana, uma questão de quebrar a muitas vezes vagarosa, letárgica e nociva rotina. Otimizar as ações, fazer a diferença, dizer algo de fato, algo que tenha sido realmente criado em meio a uma realidade de opiniões compartilhadas e de ideologias curtidas. Mas cada vez mais me convenço de que temos muito mais em comum com nossos ancestrais símios do que queremos admitir.

Ideologias? Ninguém precisa delas - Por Fernando V. P. Dias
O mundo político, dia após dia desgastado por escandalosos casos de corrupção, não faz mais parte da mesa de jantar do brasileiro. É talvez irônico constatar, desde a reinserção da democracia nesse país, que a participação popular tenha diminuído em grande escala. Seria muito fácil culpar o tal do sistema, sujeito sempre presente quando a culpa cai sobre ninguém, afirmar que a falta de interesse da população acarreta nos absurdos incansavelmente constantes nos noticiários, mas o caminho não é esse.
Todo esse transtorno ocorre pela falta de posicionamentos convictos do cidadão, sim, mas, principalmente, dos partidos políticos. Uma sigla, a partir do momento que é criada, deve lutar e defender ideologias claras e transparentes que representem determinada fatia da sociedade. Infelizmente, esse conceito se resume a peculiaridades exclusivamente teóricas.
Não há melhor exemplo para explicar o estereótipo político brasileiro do que o surgimento do PSD no ano passado. Normalmente, partindo de uma suposta insatisfação com a atual regência, os partidos políticos nascem predispostos, conforme seus conceitos ideológicos, o que é inexistente na nova sigla, a fazer e ser oposição. Hoje, isto é raríssima exceção. O PSOL, fundado pela senadora Heloísa Helena, por exemplo, fugiu um pouco à regra quando seus preceitos diferenciavam-se do governo Lula e o partido assumia ser de esquerda. Já o PSD, por sua vez, segundo o seu próprio presidente, o controverso prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, não é nem de direita, nem de esquerda, mas sim de centro. O partido desponta no cenário nacional esperando ações de outras siglas para quaisquer possíveis coligações não com base no que acredita, mas no que pode ser melhor para os interesses pessoais de seus componentes.



          Todavia não é necessário falar do que é novo para comentar a descaracterização da política no Brasil. Dois dos partidos mais tradicionais do país se contradizem nacional e municipalmente. Hoje em dia, PT e PMDB compõem, eleitos com a coligação Para o Brasil Seguir Mudando, o governo brasileiro com a presidente Dilma Roussef e o vice-presidente Michel Temer, respectivamente. Já em Porto Alegre, o cenário das eleições para a prefeitura no ano seguinte não condiz, de forma alguma, com os reflexos de Brasília.   Ao ser questionado sobre uma possível coligação entre os dois partidos e o PDT de José Fortunati na Capital, o presidente peemedebista porto-alegrense, vereador Sebastião Melo, participante do antigo e fortemente ideológico MDB, pediu ao jornalista para que não contem com ele para “defender o indefensável”. Recentemente o PT lançou Adão Villaverde para disputar a prefeitura com um Fortunati apoiado pelo PMDB, revelando a total dissonância pela qual nosso cenário político vem passando. A incoerência, não afetasse nossa honra, nossa inteligência e, em última (ou primeira) instância, nossos bolsos, até que seria engraçada, mas nada mais é, senão, uma afronta.




          Indiscutivelmente, a atualidade política brasileira sofre com a imposição dos interesses individuais acima dos interesses coletivos e, assim, a figura do parlamentar defensor de causas semelhantes a grandes grupos é cada vez mais banal. Independentemente de suas convicções, o cenário atual faz com que os políticos de todas as espécies sejam inseridos em uma espécie de funil, junto aos novos peessedistas, inclusive, e, assim, torna-se impossível a diferenciação das características governamentais de cada um. Fica cada vez mais difícil não incorrer em jargões como “farinha” do mesmo saco, “tudo igual” e afins. Ridículo.



segunda-feira, 25 de junho de 2012

Dia de Pagamento






Dia de Pagamento
Típica fila de banco em dias normais
Sem dúvida um dos dias mais comemorados do mês é o do pagamento. Pelo menos pra maioria dos assalariados que estão para receber o salário/pensão/benefício. Pra mim, é um inferno. Explico: trabalho num banco no atendimento à pessoa física na principal agência do município, onde se concentra a maioria dos benefícios do INSS.


Sentiu o drama? Pois bem, chegando o fim do mês o clima já começa a ficar tenso. Conforme o novo mês vai iniciando, vamos chegando ao ápice da loucura: o quinto dia útil. Pronto. Esse é o dia de correr pras colinas. Chego à agência por volta de 8:30h e já posso me deparar com a fila gigante de idosos e “adoentados” que se adiantaram para não ter que esperar na fila. Nesse momento é crucial não ser reconhecido e fazer a entrada na agência rapidamente. Um detalhe importante é que a agência só abre às 10h, e do lado de fora não tem onde sentar. Logo, uma espera de pelos menos uma hora e meia em pé é garantida, mas esse raciocínio parece muito sofisticado para a conclusão deles.


Entrada do banco em dia de pagamento.
Enquanto isso, dentro da agência, nós, meros escriturários, nos preparamos pra carnificina financeira que enfrentaremos ao longo do dia. Às 9h já se ouve os murmurinhos na entrada e às 9:30h já podemos ouvir os tambores do exército de aposentados pronto para devastar qualquer coisa que não tenha um dos números sagrados: o do saldo, ou o do benefício. Chegadas as 10h da manhã não se tem mais saída. É hora de separar os homens das crianças. Como zumbis sedentos por cérebro, a horda invade a agência, espremem-se 5 por vez na porta giratória, as cadeiras ficam lotadas, gente em pé reclamando, criança chorando, velho enfartando, caixas enlouquecendo, UFC geriátrico rolando, vigia chegando na voadora.

No meio daquele caos de pessoas dos mais variados naipes, chamo a primeira ficha, inseguro do que está por vir e temendo pelo pior. Levanta-se uma senhora idosa, pele enrugada e olhos cansados, mas com um sorriso simpático. Por um breve momento sinto um alívio, quando junto dela levanta-se uma moça tetuda de cabelo encaracolado e barriga pra fora da calça, com uma criança no colo e um mocinho sardento segurado pelo braço. Todos vieram para o tour bancário. A família chega à minha mesa, onde a tetudona já braveja:
- Viemo buscá o benefíss, seu moço.
- Er... OK, podem ficar à vontade.
- Também queremo vê dum consignado, tá? E a mãe sisqueceu da sanha do cartão.
- Certo, vamos lá.
Nesse meio tempo o pequeno terrorista já está ao meu lado na mesa, pegando os panfletos sobre consórcio e comendo como se fossem alface. Peço que por favor a peituda pegue a criança, mas ela me esclarece que o Waldisnei só quer um entertimento. Tudo bem, então. Só não coma a caneta ou os carimbos.
Rapidamente providencio o lançamento para o pagamento da tia, e faço um breve esclarecimento sobre o consignado. “O problema, minha senhora, é que o seu limite está negativo em R$500,00, então um empréstimo de R$1.000,00 vai ter metade usada pra cobrir o limite”. Não me atentei que isso poderia ser informação demais para o início do dia. A expressão que a tal senhora fez ao ouvir aquilo certamente é a mesma que faço nas aulas de cálculo do Avelino. Porém, com toda a didática, me pus a desenhar linhas e bloquinhos pra explicar o que era o limite, e que ela pagaria juros por aquilo. Depois de 45 minutos, missão cumprida. Pagamento efetuado e consignado providenciado. A essa altura já teria cliente transbordando pelas janelas, caso elas fossem maiores.

Hora de chamar a próxima ficha. Momento de tensão. Levanta-se um tiozinho magrinho, de terno comprido onde as mangas passam os punhos, e gravata amarela curta à la Quico.
- Vim pegá o pagamento, mandaram passar aqui em cima.
- OK, senhor. Pode sentar, fique à vontade...
E o ciclo se repete, seguindo um roteiro definido, mas com as mais curiosas variáveis. Enquanto a grávida reclama, o idoso se sente desrespeitado em meio a gritaria generalizada, o ceguinho aguarda pacientemente a chamada ao lado do guri comendo Cheetos chulé. Enquanto um cliente que deve até as calças em outra agência reclama que o benefício tenha caído nesse maldito banco, na outra mesa, mais um cliente acusa o banco de estar roubando. Culpa do estagiário, eu diria.

Fila do banco em dia de pagamento
E esse foi apenas um breve exemplo do que se desenrola ao longo do dia nessa tumultuada bagunça que é uma agência bancária. Felizmente, os municípios periféricos a Porto Alegre tem expediente bancário até às 15h. Por outro lado, é devido a nós, no mínimo, adicional de insalubridade. Com certeza, um mês inteiro de atendimento daria um livro e tanto de “causos” peculiares.


Mas enfim, tudo isso não vem ao caso aqui. Essa foi só uma fração do apogeu do bancário da linha de frente. A prova de fogo. O batizado do padawan-escriturário.  Passar pelo pior dia de todos: o dia do pagamento.

ENSAIO SOBRE UMA REFEIÇÃO

Por Alice Garcia


Ahh, o café da manhã! A dita refeição mais importante do dia. Talvez por ser a primeira, talvez não. Aquela que deve ser muito saudável e balanceada, podendo também ser chamada: desjejum. Aquela que reúne pessoas com os mais diversos humores. A refeição que muitos não fazem, uns por não terem fome, outros porque não tem tempo e, outros ainda, porque não tem a oportunidade.
Ahh, o café da manhã. Para muitos é um momento de reconquista, pois é quando a pessoa amada é surpreendida com um romântico café na cama e talvez até com uma palhinha da famosa música do rei Roberto Carlos ‘‘Amanhã de manhã vou pedir o café pra nós dois te fazer um carinho e depois... ’’. Muitos, porém, acordam de mau humor e ai de quem dirija a palavra a eles na hora do café, o momento deve ser de total silêncio. Outros, contudo, acordam com humor exuberante, numa felicidade que cativa aqueles que o cercam e esses acabam tornando o café de todos mais alegre.
Ahh, o café da manhã de hotel. Não há quem não aprecie. São diversos tipos de pães, bolos, cucas. Uma grande variedade de sucos. Café, chá, leite, omelete, salsichas, iogurte, enfim, a todos o café da manha de hotel agrada. E não me diga que você não gosta, sabemos que gostar disso é unânime. Até porque, cá entre nós, não precisamos prepará-lo nem lavar a louça, é só chegar, sentar, comer e sair.
Ahh, o café da manha do final de semana. Nesse a fartura geralmente é maior. Algum membro da casa busca pão fresquinho na padaria do bairro e o tempo gasto ao redor da mesa é dobrado.
E o que dizer do café da manhã americano, o tal ‘‘american breakfast’’, no qual são incluídas panquecas, waffles, bacon, ovos, pasta de amendoim, cupcakes, muffins, entre outros pratos, que, em geral, são estranhos aos nossos costumes.
Variando de pessoa para pessoa, família para família, o café da manhã é algo íntimo. Alguns núcleos familiares fazem esta refeição ainda em seus pijamas e outros já arrumados e prontos para sair para o trabalho, escola e afins. Naquele momento, sentados a mesa, muitas vezes discutem assuntos sérios, tomam decisões importantes, resolvem problemas familiares.
Café da manhã é bom de mais. Possui suas variações de acordo com os integrantes da mesa, mas é sempre a refeição que da início ao dia, a mais um dia na vida de todos, um dia que tem tudo para ser iluminado e cheio de alegrias, depende de cada um.

O hipódromo de Nalbandian, por Alexandre Mello





Muito já ouvi falar que tênis é um esporte de cavalheiros. Bem, talvez já tenha sido. Havia uma época em que lordes ingleses costumavam praticá-lo com seus trajes sociais rigorosamente brancos, aos finais das tardes londrinas, após um chá. Porém, o tempo passou e o tênis chegou à América Latina, onde os tais cavalheiros passaram a confundir-se com verdadeiros cavalos.

Como todo fã do tênis, no último domingo, liguei a televisão para acompanhar a final do torneio de Queen’s, evento que antecede o charmoso e tradicional torneio de Wimbledon. O duelo era entre o argentino David Nalbandian e o croata Marin Cilic.

Inesperadamente, ao sentar no sofá, me deparo com uma cena que nada tem a ver com esse esporte. Essa cena, minha gente, era de um jogador (Nalbandian) soltando uma bicuda em um dos árbitros da partida, quase um tiro de meta cobrado pelo Roberto Carlos. Um chute de botar inveja até mesmo no campeão do UFC Anderson Silva.

O episódio foi mais ou menos assim: o argentino, frustrado com a perda de um ponto importante, perdeu totalmente o controle. Daí, mirou uma placa de publicidade, a qual ficava (infelizmente) a poucos centímetros do juiz, e... DUUUUMMMMMM!!!!

O resultado: perda por desclassificação e recolhimento da premiação em dinheiro devido à atitude antidesportiva, e de brinde, alguns vários pontos na canela de um coitado cidadão trabalhador.

Agora, adivinhem quem ganhava o jogo. O croata Marin Cilic, que nada teve a ver com a confusão? Nada disso! Nalbandian liderava! Isso mesmo que você acabou de ler: o argentino estava na frente! Imaginem só se o argentino estivesse perdendo. Eu, a uma hora dessas, estaria, quem sabe, relatando um óbito em que a arma do crime seria uma raquete de tênis.

Quando a situação em quadra ficou mais calma, a premiação foi feita e os jogadores puderam falar.

“Lo siento”. Foi o que relinchou Nalbandian, antes de retornar ao vestiário sob fortes vaias.


confira o vídeo!

domingo, 24 de junho de 2012

Aceite a beleza da feiura





por Rafael Giron Martinenco

   
   Porto Alegre recebe com bastante frequência obras de arte, muitas vezes presenteadas ou compradas, as mesmas geram opiniões divergentes quanto a sua beleza e grandiosidade. Muitas discussões nos meios de comunicação acontecem diante disso, um exemplo foi o artigo de Voltaire Schilling falando à Zero Hora sobre o quão feias eram as obras e sua ojeriza às mesmas. Eu discordo da visão deste professor, respeito sua opinião, mas uma obra de arte não possui somente um critério de avaliação, a arte é livre e por mais que algumas pessoas pensem que seja feio, para outras não é, então, caro cidadão, aceite a beleza da feiura.
   O que muda na vida de alguém olhar uma obra de arte e pensar: “como isso é feio”, a ponto de fazer um texto falando mal disso tudo? Esculachando a arte de alguém que a considera bonita? Isso não possui qualquer senso artístico e compreensão com quem fez a obra. A arte em Porto Alegre está exposta ao longo da cidade com diferentes tipos, pinturas, esculturas e até mesmo construções, como a Casa Monstro, muito apontada por Schilling como algo horrível, e todas essas formas de arte seguem padrões e escolas diferentes, levando-a a infinitas formas de expressão, como a obra de Duchamp, “Fonte”, que realmente põe a prova o questionamento: “o que é arte?” a medida que obras consideradas foras do padrão ganham cada vez mais espaço e visibilidade nas grande exposições.
   Todos esses fatores colocam automaticamente Porto Alegre isenta de qualquer “culpa” por essas formas de arte. A liberdade de expressão deve falar mais alto do que críticas inúteis, isso é uma prova de que os meios de comunicação mais influentes estão cada vez menos preocupados em informar, e sim, fazer a população perder tempo lendo reclamações de alguém revoltado com arte. Deve-se deixar a cidade aberta para diferentes exposições, como a bienal, e trazer o máximo de atrações culturais para que se ampliem as fronteiras e o conhecimento da população sobre o assunto.
   O que vemos nas ruas da cidade representa a liberdade e as diferentes formas de arte que a embelezam, as opiniões são divergentes quanto ao que é bonito ou não, mas não a ponto de retirá-las de exposição. Devemos apreciar e tentar achar um porquê da arte ser como ela é e não ficar xingando e menosprezando, isso não leva a nada e só acarreta em desentendimentos, se não gosta, deixe passar.

Velha infância



AH! A infância... Essa doce época da vida, onde tudo é lindo, fácil e possível. Nunca esqueço as incríveis apresentações na escola, onde a única pretensão era ter o papel principal, mergulhar no personagem representado. Era sempre uma alegria. No momento em que sou uma fada, olho para a ponta da minha varinha e penso: “Será que essa magia irá durar para sempre?”.
Se eu pudesse voltar a este momento me responderia que não, essa magia não irá durar para sempre. Você, eu, criança, irá crescer e com o passar do tempo irá ter preocupações, desilusões, paixões. A faculdade irá exigir demasiado tempo e você nunca mais assistirá Chaves no final da tarde, portanto, aproveite agora, enquanto pode.
Mas não, acho que não devo ter pensado isso. Quando somos crianças, vivemos em um mundo de faz-de-conta, onde temos todo o tempo do mundo e o amanhã é algo que nunca pensamos, pois nada nos preocupa.
Às vezes me pego pensando que todo esse encanto passa muito rápido, parece que cochilamos crianças e acordamos adultos. Quando nos damos por conta, já não existe mais o tempo livre, as brincadeiras, as apresentações na escola, o mundo de faz-de-conta. Fica a saudade, a sensação de que deveria ter brincado mais, aproveitado mais, até mesmo aprontado mais.
           Se me fosse concedido um único desejo, sem dúvidas, eu escolheria ser criança para sempre. Ter aquela doce ingenuidade, milhões de sonhos pra realizar e as pessoas que amo sempre comigo. Onde eu encontro a lâmpada mágica, mesmo?

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Crônica sobre crônica?


Para não perder o costume de acumular trabalho para a última hora, deixei a crônica para o último milésimo de segundo. Grande erro. Não teria ideias boas nem sob tortura. Na primeira aula sobre esse bendito gênero, pensei que pudesse escrever algo legal ou pelo menos algo que me desse uma nota boa. Me enganei. A cada vez que a senhora professora tentava explicar o gênero, eu me embananava cada vez mais. Mais perdida do que cusco em tiroteio, comecei a escrever sobre uma coisa e não deu certo. Troquei a coisa e continuou não dando certo. Que m***a. Essa semana começou bem. Com duzentos e vinte sete trabalhos e provas nessa semana, perdi um tempão tentando escrever algo que prestasse. Moral da história: não consegui fazer NADA. Nem a crônica nem nada. Que raiva. Que tristeza. Nem sei mais o que sinto. Nessa montanha-russa de sentimentos ri da minha própria desgraça até ficar em prantos. Lágrimas agora são inúteis. Está tudo perdido, minha nota, minha dignidade. Acho que vou contigo vender anéis nos camelôs professora, isso se aceitar a companhia, talvez juntas não nos sintamos tão fracassadas (doce ilusão, o fracasso também seria companheiro, o mais fiel ouso dizer). Mas quem sabe...Talvez se eu... Nah, nunca vai dar certo. Uma crônica sobre a minha tentativa (frustrada) de fazer uma crônica???  Bom, já que não vai sair coisa melhor mesmo, vai isso então. Ah, e antes que eu me esqueça professora: seja boazinha.