Texto do Case
NOSSOS TEXTOS NOS CONTEXTOS
O BLOG DA TURMA DE PRODUÇÃO DE TEXTOS (D) DA FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO DA UFRGS
domingo, 10 de fevereiro de 2019
quinta-feira, 12 de julho de 2012
Onde está o maldito Wally?
por Louise Zilz
E lá estava
eu, num domingo chuvoso. O que se tinha de mais interessante para fazer era
assistir ao Domingão do Faustão, ou seja: fossa total! Depois de encher o saco
da tal Dança dos Famosos resolvi ceder aos pedidos incessantes de minha
priminha para ajudá-la a achar o tal do Wally – mesmo sabendo que seria tão
interessante quanto o que eu já estava fazendo, só que mais desgastante.
Admito que já
procurei muito esse cara quando era criança, na maioria das vezes uma caçada
frustrante. Óculos redondos, magrelo, camisa listrada e uma bengala na mão.
Explique-me como uma pessoa tão discreta
consegue se esconder tão bem? Lembro-me que eu também pedia ajuda a minha
prima, a minha mãe, ao meu irmão. Hoje, estando na mesma situação deles
antigamente, peço desculpas.
Então começou
a caçada, e era uma questão de honra achá-lo. O ambiente era uma praia. Toda galera
de roupa de banho. Concluí que desta vez a tarefa não seria difícil. A primeira
coisa que vi foi uma mulher muito gorda caída sobre um homem magrelinho. Que dó
do homem... O engraçado é que todos em volta estão olhando, mas ajudar que é
bom ninguém quer né?
Após achar mil pessoas vestindo listrado, notei que
teria que montar uma estratégia para achar o maldito. Coloquei-me no lugar de
Wally. Onde eu gostaria de estar se
estivesse naquele quadro? Sem a mínima dúvida logo corri os olhos para o
mar. A única coisa que achei foi um grupo de pessoas se divertindo horrores
fazendo uma pirâmide humana – o que me fez pensar o quão seria bom poder estar lá
e não aqui nessa perseguição sem sentido.
Achei um grupo
de gays, um velho de mãos dadas com um travesti, os bombados e as gostosas (que
sempre se fazem presentes), um casal de caipiras que certamente pisava pela
primeira vez em uma praia. Achei inclusive aqueles caras que cavalgam na praia
no verão deixando tudo cheirando a estrume. Além de sentir o cheiro terrível,
eu já conseguia sentir as risadas de Wally, que com certeza deveria estar bem
confortável olhando para mim e se divertindo com a minha desgraça.
Resumindo, voltei ao excelentíssimo Domingão do
Faustão. Sim, leitor, pode rir. Eu não achei o cara. E digo mais: se você o
achou, nem pense em me dizer onde ele está, porque se eu encontrá-lo, não sei do
que sou capaz de fazer.
quarta-feira, 11 de julho de 2012
Quem tem medo da geopolítica?
Leonel
Itaussu Almeida Mello
O autor tem como objetivo principal
do livro responder seguinte questão: “Em que medida permanece atual ou
tornou-se obsoleto, nestes últimos anos do século XX, o pensamento geopolítico
de Mackinder? (Mello, 1999, p.25)” Para isso, ele parte de uma releitura da
obra de Mackinder, analisando sua teoria do poder terrestre que se resume na
existência de uma “rivalidade secular entre (...) poderes antagônicos que se
confrontavam pela conquista da supremacia mundial: o poder terrestre e o poder
marítimo (Mello, 1999, p.11)”.
Segundo Mello, os três pilares dessa
teoria são: a idéia do mundo como unidade compacta; o primado da causalidade
geográfica; e a oposição terra-mar. Mackinder, após uma reelaboração
intelectual, chega a uma “percepção inédita” da ligação entre a porção líquida
e sólida do planeta. Ele compreendeu que existia uma “unicidade da superfície
líquida” o que o levou ao conceito de Grande Oceano. As terras emersas
restantes formavam um único grande continente que ele denominou de Ilha Mundial
(Europa, Ásia e África) e as Ilhas Periféricas menores (Américas e Austrália).
Surge também o conceito de Heartland que denomina o grande núcleo
mediterrâneo da Eurásia, “(...) em torno do qual se articulavam quatro regiões
marginais: a Europa, o Oriente Próximo, a Índia e a China. (Mello, 1999, p.43)”.
Segundo Mello, o Heartland é uma idéia estratégica com três características
essenciais: região mais extensa de planícies do planeta; praticamente isolada
do mundo; e com topografia plana. Mackinder sintetiza esse axioma do pensamento
geopolítico: “Quem domina a Europa Oriental controla o Heartland; quem domina o Heartland
controla a World Island; quem domina
a World Island controla o mundo
(Mello, 1999, p.56)”.
O autor passa, então, a analisar a
relação existente entre geopolítica inglesa, Geopolitik alemã e a política externa do III Reich. A influência de
Mackinder sobre Haushofer é claramente exposta na visão desse sobre a
importante relação entre Rússia e Alemanha. Porém, a influência de Haushofer
sobre a política de poder de Hitler é “extremamente difícil” de se demonstrar.
Segundo Mello, Hitler e Haushofer tinham concepções antagônicas sobre a
política de aliança alemã no que diz respeito à Inglaterra e a Rússia (Mello,
1999, p.88).
A investigação das influências de
Mackinder é deslocada para dois
destacados expoentes da geopolítica norte-americana: Nicholas Spykman e
Zbigniew Brzezinski. Spykman é o “formulador da teoria do Rimland, e percursor da estratégia de contenção do pós-guerra”
(Mello, 1999, p.26). O Rimland,
segundo o próprio Spykman, deveria ser visto como região intermediária situada
entre o Heartland e os mares
marginais. Ele funcionaria como uma “vasta zona amortizadora” entre os poderes
marítimo e terrestre, apresentando, ainda, uma característica anfíbia que lhe
permitiria se defender em terra ou em mar.
Spykman contraria baseado em fatos da história
a concepção global de Mackinder sobre a rivalidade entre o poder terrestre (Heartland – Rússia) e o marítimo (Ilhas
costeiras – Inglaterra). Segundo ele, o que ocorreu durante as guerras foi
justamente uma aliança entre os impérios. Mello chama a atenção para os indícios
de que a essa oposição entre Heartland -
Rimland foi fundamental para visão geopolítica e estratégica dos pactos
militares multilaterais no auge da Guerra Fria, por exemplo, a Otan.
Brzezinski, outro importante
geopolítico estadunidense, foi autor do Game
Plan, uma análise realista da confrontação americano-soviética. Segundo
Mello, o autor desenvolve uma reflexão geopolítica e estratégica que através de
um modelo sintético incorpora os principais aspectos das teorias do Heartland e do Rimland, pois, sua tese de que controlar a Eurásia é ter
preponderância mundial não é nada original. Na visão de Brzezinski, um mapa
pode tanto enganar como iluminar, portanto, “(...) o espaço e a posição
relativa das massas continentais dependem sempre do tipo de projeção adotada”
(Mello, 1999, p.141). A confrontação americano-soviética, segundo Brzezinski,
apesar de, ter novos atores se resumia no velho choque entre uma potência
oceânica e uma potência continental.
Mello faz uma conexão entre
Mackinder e o término do “Breve século XX”. Desse capítulo, é importante
destacar a idéia de que com o fim do sistema bipolar tem-se a terceira vitória
do poder marítimo sobre o poder terrestre ao longo do século. Além disso, é
interessante o trecho onde Mello destina a China como a “única potência
continental fronteiriça” com capacidade de ocupar o Heartland.
Por fim, o autor responde a pergunta
que, segundo ele, representa a razão deste livro. Para Mello, o pensamento de
Mackinder é atual em certos aspectos, mas obsoleto em outros como: quanto à
evolução da cartografia – descoberta da projeção azimutal eqüidistante que
“permite fixar arbitrariamente seu centro de referência em qualquer ponto do
planeta” (Mello, 1999, p.197); e quanto ao avanço da tecnologia – “ascensão do
poder aéreo que relativizou a oposição oceanismo versus continentalismo” (Mello, 1999, p.211).
Amor Incondicional
Carolina Schroeder
Todos os dias
quando chego em casa, não importa que horas, e nem meu humor, lá está ela para me recepcionar. Seu rabinho
incansável denuncia a felicidade por me ter de volta. E eu me desfaço em
carinhos e beijos de maneira a retribuir sua devoção.
Quer um remédio
contra estresse ou solidão? Adote um cachorro! Ele lhe será grato e fiel até a
última batida de seu coração. Segundo pesquisas realizadas, foi comprovado que
a convivência com animais de estimação têm o poder de baixar a pressão arterial
e o colesterol, auxiliando na saúde de seus donos.
Os cachorros são
ótimos ouvintes em momentos que tudo que precisamos é desabafar. Eles percebem
quando estamos tristes e vibram com nossas
alegrias. Pois, tudo que eles mais querem é estar junto de nós! Não importa nossa
aparência e nem nosso poder aquisitivo, é um amor incondicional.
E assim como
nós, eles também precisam desse afeto sem condições. Existem muitos cachorros abandonados,
vivendo a própria sorte, esperando encontrar um lar. Mais do que nunca, os
vira- latas estão em alta. E para entrar nessa onda, a marca de ração Pedigree
resolveu contrariar o seu próprio nome, e lançar a campanha a favor deles:
Adotar é tudo de bom!
E é mesmo! No
ano passado, sem pedir licença, uma pequena vira-lata de história desconhecida,
invadiu minha vida. Nada mais foi como antes. Assustada e desconfiada,
resquícios das lições aprendidas na rua, Sophia era tão magrinha que nem
conseguia ficar em pé. Aos poucos, conquistou a todos e me transformou em uma pessoa
melhor.
PORTO ALEGRE (NÃO) É DEMAIS.
O orgulho dos gaúchos com a sua
capital é constatado nas inúmeras vezes e na intensidade com que os
porto-alegrenses afirmam: o por do sol de Porto Alegre é o mais bonito do
mundo. Entretanto, há um bom tempo, essa é uma das poucas coisas que a cidade
tem pra se orgulhar.
A canção de Isabela Fogaça, Porto
Alegre é Demais, cantada há tantos anos, como que um hino, e com tanta comoção
por seus moradores, acaba por explicitar a mentalidade bairrista dos
porto-alegrenses. Pois, se a capital dos gaúchos é tão perfeita, por que
mudá-la? Esse tipo de pensamento acaba por refletir na falta de indignação da
população com ineficiência que as autoridades vem atuando no governo municipal.
A dita capital do Mercosul não
possui metrô e está de costas para seu maior atrativo turístico. O descaso, ao
longo dos anos, do poder público de Porto Alegre com os 70 km de orla que
rodeiam o poluído rio Guaíba é vergonhoso. Sem uma visão de exploração
turística da cidade e uma mentalidade provinciana contra projetos que visam
transformar e qualificar seus pontos turísticos, a tentativa atual é
desenvolver o turismo de negócio.
Entretanto, as coisas parecem estar
melhorando com a realização Copa do Mundo em 2014. As pessoas parecem estar
abrindo os olhos para como aproveitar o potencial turístico da cidade, mas
ainda há muito trabalho a ser feito. Porto Alegre pode ser demais, mas no
momento ainda esta longe disso.
Cidadão Kane
Carolina Schroeder
O filme é um relato da vida do magnata da
imprensa estadunidense, Charles Foster Kane, a partir da sua morte no ano de
1941. Dentro desse contexto, o filme apresenta uma crítica implícita ao
capitalismo, nas cenas que mostram o seu castelo Xanadu e o tamanho absurdo do seu
acervo de obras de arte, e uma crítica explícita ao poder da mídia sob a
sociedade da época, como exemplo o impacto que o escândalo extraconjugal causou
em sua campanha eleitoral. Apesar de se tratar de um filme do início da década
de 1940, ele tem uma temática muito atual, comparável a histórias de vida de
magnatas de vários setores, inclusive brasileiros.
O roteiro desenrola-se quando um repórter é incumbido
de encontrar o significado da palavra Rosebud,
última palavra dita por Kane em seu leito de morte, a partir de entrevistas
a familiares e conhecidos de Kane. O filme segue uma lógica não-cronológica que
envolve os espectadores até o final, sendo seu grande triunfo a beleza das
imagens (fotografia) e a ironia com que a trama, do homem rico que tinha tudo e
que acaba sozinho e isolado, é contada.
Considerado um dos melhores filmes já lançados,
Cidadão Kane, na minha concepção, peca em não explorar mais o contexto mundial da
época, deixando no ar a influência que os jornais de Kane tiveram na construção
da opinião pública a respeito da política internacional dos Estados Unidos,
durante a 2ª Guerra Mundial. Ao mesmo tempo, reconheço e ressalvo a importância
do filme como um marco na história do cinema mundial por ser crítico e
questionador e não seguir o modelo das histórias com final feliz que até então
persistiam.
Um caso de sábado à noite, por Julio Forster
Ei, você, você mesmo! Não ouse
tirar os olhos agora que começou a ler, ou nossa relação será abalada. E não
adianta me olhar com esses olhos assustados, vamos começar.
Semana passada eu fui a um
show com um amigo (Gabriel) e duas amigas (Monique e Patrícia), bebida
liberada e rock liberado – não os nomes não são fictícios, malditos sejam
os clichês. Ora, devo explicar as relações antes de prosseguir: o Gabriel
gosta da Monique, a Monique gosta de mim e eu gosto da Patrícia que, por
sua vez, gosta do Pedro. O relógio marcava 3:27h, ao passo que eu ia até o
banheiro resmungando sobre o copo vazio. Na volta encontrei a Monique, a
qual começou a falar baixinho, em sussur... Aproximei-me. “Não aguento mais
ficar assim” disse ela. Estávamos tão perto que podia sentir sua respiração
e antes que alguma palavra saltasse do copo escutei uma voz passando “Valeu
aí, cara!” era o Gabriel.
|
O que aconteceu não foi apenas um
grande mal entendido. A Amizade foi abalada. Conforme as palavras reverberavam,
lembrei-me do passado: conheço o Gabriel há dez anos. Já rimos juntos enquanto
tomávamos banho de chuva, já brincamos de pega-pega horas a fio e ele já me
ajudou em situações bem difíceis, como aquela prova terrível da quinta-série.
Temos, então, um grande laço de amizade. A Amizade que foi abalada não foi
essa: memórias de bons momentos juntos. Amizade é mais do que isso, Amizade é a
capacidade de superar situações difíceis para ambos juntos.
Inevitável não me encontrar com o
Gabriel no dia seguinte para discutir o futuro da nossa Amizade. Ambos estavam
constrangidos com a situação, por mais tola que ela fosse. Percebi que nunca
havíamos passado por um momento similar, por mais mentirosa que possa soar essa
frase. Explicamos o que cada um sentira e o que cada um pensara e foi quando
percebi que nós começamos a construir algo desconhecido até então: a Amizade.
Assinar:
Postagens (Atom)