Ei, você, você mesmo! Não ouse
tirar os olhos agora que começou a ler, ou nossa relação será abalada. E não
adianta me olhar com esses olhos assustados, vamos começar.
Semana passada eu fui a um
show com um amigo (Gabriel) e duas amigas (Monique e Patrícia), bebida
liberada e rock liberado – não os nomes não são fictícios, malditos sejam
os clichês. Ora, devo explicar as relações antes de prosseguir: o Gabriel
gosta da Monique, a Monique gosta de mim e eu gosto da Patrícia que, por
sua vez, gosta do Pedro. O relógio marcava 3:27h, ao passo que eu ia até o
banheiro resmungando sobre o copo vazio. Na volta encontrei a Monique, a
qual começou a falar baixinho, em sussur... Aproximei-me. “Não aguento mais
ficar assim” disse ela. Estávamos tão perto que podia sentir sua respiração
e antes que alguma palavra saltasse do copo escutei uma voz passando “Valeu
aí, cara!” era o Gabriel.
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O que aconteceu não foi apenas um
grande mal entendido. A Amizade foi abalada. Conforme as palavras reverberavam,
lembrei-me do passado: conheço o Gabriel há dez anos. Já rimos juntos enquanto
tomávamos banho de chuva, já brincamos de pega-pega horas a fio e ele já me
ajudou em situações bem difíceis, como aquela prova terrível da quinta-série.
Temos, então, um grande laço de amizade. A Amizade que foi abalada não foi
essa: memórias de bons momentos juntos. Amizade é mais do que isso, Amizade é a
capacidade de superar situações difíceis para ambos juntos.
Inevitável não me encontrar com o
Gabriel no dia seguinte para discutir o futuro da nossa Amizade. Ambos estavam
constrangidos com a situação, por mais tola que ela fosse. Percebi que nunca
havíamos passado por um momento similar, por mais mentirosa que possa soar essa
frase. Explicamos o que cada um sentira e o que cada um pensara e foi quando
percebi que nós começamos a construir algo desconhecido até então: a Amizade.
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