quarta-feira, 11 de julho de 2012

Um caso de sábado à noite, por Julio Forster


Ei, você, você mesmo! Não ouse tirar os olhos agora que começou a ler, ou nossa relação será abalada. E não adianta me olhar com esses olhos assustados, vamos começar.
Semana passada eu fui a um show com um amigo (Gabriel) e duas amigas (Monique e Patrícia), bebida liberada e rock liberado – não os nomes não são fictícios, malditos sejam os clichês. Ora, devo explicar as relações antes de prosseguir: o Gabriel gosta da Monique, a Monique gosta de mim e eu gosto da Patrícia que, por sua vez, gosta do Pedro. O relógio marcava 3:27h, ao passo que eu ia até o banheiro resmungando sobre o copo vazio. Na volta encontrei a Monique, a qual começou a falar baixinho, em sussur... Aproximei-me. “Não aguento mais ficar assim” disse ela. Estávamos tão perto que podia sentir sua respiração e antes que alguma palavra saltasse do copo escutei uma voz passando “Valeu aí, cara!” era o Gabriel.
O que aconteceu não foi apenas um grande mal entendido. A Amizade foi abalada. Conforme as palavras reverberavam, lembrei-me do passado: conheço o Gabriel há dez anos. Já rimos juntos enquanto tomávamos banho de chuva, já brincamos de pega-pega horas a fio e ele já me ajudou em situações bem difíceis, como aquela prova terrível da quinta-série. Temos, então, um grande laço de amizade. A Amizade que foi abalada não foi essa: memórias de bons momentos juntos. Amizade é mais do que isso, Amizade é a capacidade de superar situações difíceis para ambos juntos.
Inevitável não me encontrar com o Gabriel no dia seguinte para discutir o futuro da nossa Amizade. Ambos estavam constrangidos com a situação, por mais tola que ela fosse. Percebi que nunca havíamos passado por um momento similar, por mais mentirosa que possa soar essa frase. Explicamos o que cada um sentira e o que cada um pensara e foi quando percebi que nós começamos a construir algo desconhecido até então: a Amizade.

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