quarta-feira, 11 de julho de 2012

Dissecando Kane, por Julio Forster


A  obra-prima de Orson Welles, laada em 1941, conta a história de Charles  Foster Kane, papel interpretado pelo próprio diretor. O filme Cidadão Kane propôs um novo papel para o cinema ao passo que critica o poder do jornal, tão quanto os valores capitalistas. A película não inova somente o tema, mas também as técnicas utilizadas para a filmagem.

Os movimentos de câmera são explorados com maestria, mesclando o uso de Plongée, onde a câmera  filma  de cima  para  baixo o ambiente e Contra-Plongée,  onde  ocorre o  contrário. Recurso similar ao Contra-Plongée foi amplamente utilizado na campanha eleitoral de Collor, promovendo a superioridade do candidato em foco.

No inicio do filme Welles surpreende o espectador ao mostrar a opulenta mansão de Kane e após uma a sobreposição de cenas nos leva para longe, para uma casa pequena onde nevava muito. Afastando a câmera percebemos que era um peso de papel na mão do protagonista, que se quebra ao encontrar o chão, pouco depois dele proferir sua última palavra: Rosebud.

A partir da introdução, chave para o entendimento da obra, saltamos para a morte de Kane retratada via filme dentro da obra - recurso que sinaliza ao espectador total atenção. A trama começa quando o coordenador do jornal onde o filme fora produzido não consegue entender o real significado de Rosebud e abre uma investigação.
 
A história segue com a constrão do caráter de Kane: nasceu no pensionato de  seus pais, porém não conviveu com eles, pois sua mãe recebera como pagamento de um pensionista a escritura de uma mina sem valor. Posteriormente  descobre-se  que a mina estava cheia de ouro, momento em que Kane é levado para a capital, onde seria educado por empresários.

A construção do personagem central não é mais linear, ela é transmitida ao  espectador por meio de um recurso inovador: os flashbacks. Desta forma, a incerteza sobre quem era Kane torna-se uma constante e novamente chama a  ateão espectador e o convida a ter uma interpretação independente.

A trajetória de Kane pode ser descrita de forma paralela ao seu romance com Susan Alexander. Um jovem idealista e compromissado com a verdade, representando a  fase do flerte e do envolvimento inicial. Desejando o que ele chamava amor do povo” um amor que ele ditaria como deveria ser seguido, o poder Kane torna-se obcecado em alcança-lo tal como ocorre com a voz de Susan: ele quer que as pessoas gostem dela, não importa o pro. Ao final da obra  ele encontra-se desencantado tanto na sua ânsia por poder, quanto no  amor. Kane mergulha-se no consumismo e cria uma grande mano repleta de nada.

Pouco  antes  de  Susan  o deixar, ela  reclama  que Charles  nunca  deu a ela  nada  de valor, momento em que pela primeira vez cronologicamente ele diz Rosebud. O gancho de toda a trama, era a marca do tre que Kane deixara na casa dos pais antes de partir para a capital. Ao lembrar-se da infância Kane conclui que tudo tem pro, mas nem tudo tem valor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário