por Louise Zilz
E lá estava
eu, num domingo chuvoso. O que se tinha de mais interessante para fazer era
assistir ao Domingão do Faustão, ou seja: fossa total! Depois de encher o saco
da tal Dança dos Famosos resolvi ceder aos pedidos incessantes de minha
priminha para ajudá-la a achar o tal do Wally – mesmo sabendo que seria tão
interessante quanto o que eu já estava fazendo, só que mais desgastante.
Admito que já
procurei muito esse cara quando era criança, na maioria das vezes uma caçada
frustrante. Óculos redondos, magrelo, camisa listrada e uma bengala na mão.
Explique-me como uma pessoa tão discreta
consegue se esconder tão bem? Lembro-me que eu também pedia ajuda a minha
prima, a minha mãe, ao meu irmão. Hoje, estando na mesma situação deles
antigamente, peço desculpas.
Então começou
a caçada, e era uma questão de honra achá-lo. O ambiente era uma praia. Toda galera
de roupa de banho. Concluí que desta vez a tarefa não seria difícil. A primeira
coisa que vi foi uma mulher muito gorda caída sobre um homem magrelinho. Que dó
do homem... O engraçado é que todos em volta estão olhando, mas ajudar que é
bom ninguém quer né?
Após achar mil pessoas vestindo listrado, notei que
teria que montar uma estratégia para achar o maldito. Coloquei-me no lugar de
Wally. Onde eu gostaria de estar se
estivesse naquele quadro? Sem a mínima dúvida logo corri os olhos para o
mar. A única coisa que achei foi um grupo de pessoas se divertindo horrores
fazendo uma pirâmide humana – o que me fez pensar o quão seria bom poder estar lá
e não aqui nessa perseguição sem sentido.
Achei um grupo
de gays, um velho de mãos dadas com um travesti, os bombados e as gostosas (que
sempre se fazem presentes), um casal de caipiras que certamente pisava pela
primeira vez em uma praia. Achei inclusive aqueles caras que cavalgam na praia
no verão deixando tudo cheirando a estrume. Além de sentir o cheiro terrível,
eu já conseguia sentir as risadas de Wally, que com certeza deveria estar bem
confortável olhando para mim e se divertindo com a minha desgraça.
Resumindo, voltei ao excelentíssimo Domingão do
Faustão. Sim, leitor, pode rir. Eu não achei o cara. E digo mais: se você o
achou, nem pense em me dizer onde ele está, porque se eu encontrá-lo, não sei do
que sou capaz de fazer.
Amiga se puderes entrar em contato conosco
ResponderExcluirsobre o filme
NO DECURSO DO TEMPO