Nós e os símios – Por Fernando V. P. Dias
Ontem
eu conversava com um colega quando ele me contou sobre uma pesquisa interessantíssima
realizada por especialistas de algum lugar do mundo. A história era mais ou
menos assim:
“Um
grupo de cientistas colocou cinco macacos numa sala de testes. Bem ao centro
havia uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia na
escada para pegar as bananas, um jato de água fria era acionado em cima dos que
estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os
outros o pegavam e o enchiam de porrada. Dentro de algum tempo, nenhum macaco
subia mais a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas
substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir
a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas
surras, o novo integrante do grupo já não subia mais a escada. Um segundo
macaco veterano foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto
participado com entusiasmo na surra ao novato. Um terceiro foi trocado e a
mesma coisa. Um quarto, e afinal o último dos veteranos, foi substituído.”
Os
cientistas, então, ficaram com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo
tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as
bananas. A impressão era que a situação nunca se alteraria.
Isso
me fez pensar um pouco sobre a natureza de nossas ações e sobre como as
escolhemos. É muito fácil tomar a rotina como a única opção a ser feita. Por
que não nos questionamos mais sobre coisas preestabelecidas? Neste ponto é
importante pedir que você não pense que estou, sorrateira e maquiavelicamente,
incentivando as pessoas a botarem uma camisa de nosso honroso Che e saírem por aí se prostrando contra
o sistema e vestindo a camisa dos rebeldes sem causa. Sei que estou
generalizando de forma levemente preconceituosa quando associo “Che” a “rebeldes em causa”, mas a ironia
é intencional, sim.
É
mais uma questão cotidiana, uma questão de quebrar a muitas vezes vagarosa,
letárgica e nociva rotina. Otimizar as ações, fazer a diferença, dizer algo de
fato, algo que tenha sido realmente criado em meio a uma realidade de opiniões
compartilhadas e de ideologias curtidas. Mas cada vez mais me convenço de que
temos muito mais em comum com nossos ancestrais símios do que queremos admitir.
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