quinta-feira, 28 de junho de 2012

Nós e os símios – Por Fernando V. P. Dias



Ontem eu conversava com um colega quando ele me contou sobre uma pesquisa interessantíssima realizada por especialistas de algum lugar do mundo. A história era mais ou menos assim:
“Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa sala de testes. Bem ao centro havia uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, um jato de água fria era acionado em cima dos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e o enchiam de porrada. Dentro de algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo já não subia mais a escada. Um segundo macaco veterano foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra ao novato. Um terceiro foi trocado e a mesma coisa. Um quarto, e afinal o último dos veteranos, foi substituído.”
Os cientistas, então, ficaram com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas. A impressão era que a situação nunca se alteraria.
Isso me fez pensar um pouco sobre a natureza de nossas ações e sobre como as escolhemos. É muito fácil tomar a rotina como a única opção a ser feita. Por que não nos questionamos mais sobre coisas preestabelecidas? Neste ponto é importante pedir que você não pense que estou, sorrateira e maquiavelicamente, incentivando as pessoas a botarem uma camisa de nosso honroso Che e saírem por aí se prostrando contra o sistema e vestindo a camisa dos rebeldes sem causa. Sei que estou generalizando de forma levemente preconceituosa quando associo “Che” a “rebeldes em causa”, mas a ironia é intencional, sim.
É mais uma questão cotidiana, uma questão de quebrar a muitas vezes vagarosa, letárgica e nociva rotina. Otimizar as ações, fazer a diferença, dizer algo de fato, algo que tenha sido realmente criado em meio a uma realidade de opiniões compartilhadas e de ideologias curtidas. Mas cada vez mais me convenço de que temos muito mais em comum com nossos ancestrais símios do que queremos admitir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário