por Athos Ribeiro
Cidadão Kane,
produzido e protagonizado por Orson
Welles em 1941, é um filme com características muito peculiares, pois seus
recursos – mesmo que “primitivos”, devido à época em que foi criado – são à
base de muitas técnicas cinematográficas atuais. Esse é o fato que faz com que
o filme seja lembrado e reconhecido como precursor de técnicas do cinema
contemporâneo (pós-cinema mudo) como o uso de flashback, efeitos sonoros, enquadramento de cenas, recursos de luz
e sombra entre outros. Apesar disso, não se pode considerá-lo o melhor filme de
todos os tempos, pois é preciso “prender” /manter a atenção do expectador, de
maneira que o surpreenda, para que não se torne cansativo e monótono. Na
questão de conteúdo o filme deixa muito a desejar por causa desses aspectos
citados.
Um ponto interessante do filme está em
perceber a sutileza com que é colocado o surgimento da “Imprensa Marrom” – o
sensacionalismo. Sabe quando a gente passa pela banca e vê aquelas revistas com
diversas reportagens sobre o dia-a-dia dos artistas? Por exemplo: “Fulano de
Tal foi passear na praia, às dez horas da manhã, COM SEU NOVO CACHORRINHO!”.
Aquela imprensa que cria uma enorme polêmica sobre algo não tão relevante, com
o intuito de vender mais o seu jornal, revista, etc. O filme gira em torno de
uma busca pelas informações sobre a vida de Kane, para decifrar o significado
da última palavra dita por Kane: “Rosebud”. Um Jornalista faz diversas
entrevistas com pessoas próximas a Kane, ouvindo muitas versões sobre como ele
era em sua vida pessoal, focando na busca para entender o porquê da última
palavra.
É notável a superficialidade do tema, a
polêmica criada em cima de uma matéria jornalística para se vender mais. Também
se pode ver esse contexto com uma grande ironia (subjetiva), de o próprio Kane
– que foi o precursor nesse tipo de imprensa (sensacionalista) – ser alvo dela
após sua morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário