quinta-feira, 21 de junho de 2012

Tanto (a)Mar



Mais um dia nublado, mas criança não se acanha com isso. Mesmo assim elas brincam. Pulam. Correm. Rolam. Molham-se. Fazem criancices. Em segundo plano, o mar observa a tudo. O mar e as crianças, as crianças e o mar.
            Que engraçada essa relação que se tem com o mar quando se é criança, cada passo é uma nova descoberta, uma nova sensação. Esse misto de emoções: do medo à superação e, por fim, o divertimento. Parafraseando Chico, elas amam tanto e de tanto amar, acham que ele é bonito. Para as crianças o mar nunca é feio e o dia é sempre agradável, mesmo com as mães implorando para elas ficarem na areia. Sempre é um dia bom para molhar os pés.
            E que sensação é molhar os pés! Sentir aquela água gelada nos tocando pela primeira vez, aquelas conchinhas no fundo pinicando, como em um duelo para ver quem desiste antes, porém os peixes nos chamam cada vez mais para o fundo, como que nos dizendo para pescá-los com nossos baldinhos coloridos. E então, surge alguém mais forte querendo nos derrubar – como aquele moleque grandão que rouba o lanche de todos na escola, ou no caso, a roupa de banho – a onda! E ela dá um golpe baixo, o caldinho. Qual nada! Isso não nos fará desistir, com o tempo aprendemos a nos esquivar e a desafiante torna-se nossa amiga, em infinitos abraços, que nos chacoalham, como aquela tia-avó que a gente fica tempos sem ver e quando encontramos nos abraça apertado e nos sufoca com o seu perfume.
            Queria poder escrever melhor sobre isso que vejo, mas como descrever esse primeiro amor, esse primeiro ato de rebeldia, nosso primeiro desafio, a primeira vez que se levanta o rosto para o infinito e nota-se que existe tanto para descobrir. Ah, o mar... ah, as crianças! Ah, o mar e as crianças... as crianças e o mar.

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