Mais um dia
nublado, mas criança não se acanha com isso. Mesmo assim elas brincam. Pulam.
Correm. Rolam. Molham-se. Fazem criancices. Em segundo plano, o mar observa a
tudo. O mar e as crianças, as crianças e o mar.
Que
engraçada essa relação que se tem com o mar quando se é criança, cada passo é
uma nova descoberta, uma nova sensação. Esse misto de emoções: do medo à
superação e, por fim, o divertimento. Parafraseando Chico, elas amam tanto e de
tanto amar, acham que ele é bonito. Para as crianças o mar nunca é feio e o dia
é sempre agradável, mesmo com as mães implorando para elas ficarem na areia.
Sempre é um dia bom para molhar os pés.
E
que sensação é molhar os pés! Sentir aquela água gelada nos tocando pela
primeira vez, aquelas conchinhas no fundo pinicando, como em um duelo para ver
quem desiste antes, porém os peixes nos chamam cada vez mais para o fundo, como
que nos dizendo para pescá-los com nossos baldinhos coloridos. E então, surge
alguém mais forte querendo nos derrubar – como aquele moleque grandão que rouba
o lanche de todos na escola, ou no caso, a roupa de banho – a onda! E ela dá um
golpe baixo, o caldinho. Qual nada! Isso não nos fará desistir, com o tempo
aprendemos a nos esquivar e a desafiante torna-se nossa amiga, em infinitos
abraços, que nos chacoalham, como aquela tia-avó que a gente fica tempos sem ver
e quando encontramos nos abraça apertado e nos sufoca com o seu perfume.
Queria
poder escrever melhor sobre isso que vejo, mas como descrever esse primeiro
amor, esse primeiro ato de rebeldia, nosso primeiro desafio, a primeira vez que
se levanta o rosto para o infinito e nota-se que existe tanto para descobrir.
Ah, o mar... ah, as crianças! Ah, o mar e as crianças... as crianças e o mar.
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