segunda-feira, 9 de julho de 2012

Crônica pela Pedra, por Thiago Schimitt


Talvez o leitor não imagine do que se trata o gênero crônica, nem tampouco possua o dom da inspiração na escrita. Se lhe consola, eu também encontro essa dificuldade. Então lhe contarei de onde vem meu próprio consolo: o grande João Cabral de Melo Neto, certa vez, contou um segredo; não, não é segredo. Em um de seus poemas ele revela que não existe produção inspirada, existe, sim, a lapidada. Não existe uma inspiração, existe trabalho, muito trabalho, esse labor que produz o suor, representando algo obtido através do esforço.
Falando de esforço, durante 25 anos o Brasil vivenciou o Regime Militar. Esse período foi marcado por diversos movimentos nos quais, principalmente os jovens, suavam e lutavam por seus ideais, em movimentos como o das “Diretas Já!” Nesses movimentos se buscava que os brasileiros desfrutassem de uma Democracia, de mais liberdade.
Qual não foi a felicidade desses jovens ao emoldurarem na sala a histórica foto do voto de Fernando Collor de Mello, aquele que seria o primeiro presidente eleito democraticamente. Ao fundo, é perceptível o dizer “Liberdade, abre suas asas sobre nós”. Quanto esforço, e, agora, a tão esperada recompensa!
Contudo, grande foi a decepção ao se retirar com amargura a mesma foto que embelezava a parede, e trazia orgulho pela liberdade alcançada. Creio que o discurso daqueles jovens era “Collor não merecia o reconhecimento! É impostor, é corrupto, mas ao menos se pode dizer isso! Vamos, uma vez mais, suar! Vamos usufruir o direito que, com tanto esforço, alcançamos!”.
É, você já está entendendo. Escândalos após escândalos, constantes jogos de interesses, entre outros fatores desmotivadores, ocorrendo ano após ano, minaram o entusiasmo daquela juventude. Essa desmobilização materializou-se às gerações seguintes, chegando até nós, jovens no século XXI.
A decepção de nossos pais e avós parece atingir picos impensáveis. Tudo isso porque, além de ouvirmos deles as incríveis manifestações de desilusão com o sistema democrático brasileiro, nós ainda conseguimos perceber que erros se agravam, e se tornam, muitas vezes, agressões à nossa Carta Magna.
É, cabe a você, jovem leitor dessa crônica e membro de uma das melhores universidades do país, esforçar-se, pensar e suar, como que fazendo uma crônica, buscar uma nova motivação para lutar, objetivando, em uma próxima geração, que nosso país não se torne gerido por ditadores ou palhaços.

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